Através de uma arqueogenealogia do vício, o presente estudo evidencia a import óncia do conceito em quest úo para o delineamento de uma identidade europeia civilizada. Se durante as primeiras conjecturas de Aristóteles acerca do tema o vício seria o resultado de um mau gerenciamento de impulsos animais por parte das inst óncias racionais do indivíduo, ainda na obra do autor encontramos o ensejo para a sua aplicabilidade sobre popula § µes inteiras, de modo a desumanizá-las. Assim, o livro aborda a maneira pela qual a alteriza § úo operada pelo conceito de vício sobre determinadas culturas avessas aos ideais ocidentais serviu como justificativa para atos de domina § úo em diversos momentos de encontro dos europeus com outros povos - bem antes de o termo vício come §ar a ser associado ao uso de drogas. Tal empreendimento se faz necessário no intuito de elucidarmos as premissas sustentantes da atual política proibicionista que, na perspectiva aqui enfatizada, termina por atualizar na contemporaneidade o bin ´mio civiliza § úo x barbárie e perpetuar uma lógica de colonialidade, na medida em que inscreve territórios da periferia do capitalismo - habitados por povos há séculos referidos enquanto selvagens e viciosos - em uma Geopolítica de Drogas baseada na desestabiliza § úo política e econ ´mica das ex-col ´nias europeias, no extermínio de suas popula § µes negras e indígenas e, obviamente, no lucro direcionado aos países interessados na manuten § úo do proibicionismo em escala global.
